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Como a autoaceitação pode melhorar sua autoestima

autoaceitacao é amar-se
Autoaceitação é amar-se, com todas as suas virtudes e falhas.

Se você acredita que, para melhorar sua autoestima, você precisa de mudanças radicais — e imediatas — é provável que logo se sinta desanimado.

Quer dizer, mudar é bom. Aprendizados são sempre bem-vindos. Superação é algo saudável de se ambicionar.

No entanto, não podemos, simplesmente, descartar tudo o que nos incomoda e, do dia para noite, nos transformarmos em outra pessoa. Nem deveríamos ter esse objetivo, na verdade.

Também não faz sentido buscarmos uma visão que ignore nossos erros e dificuldades. Como se pudéssemos ser perfeitos, desde que saibamos negar nossas falhas — ou nos convencer de que estamos sempre certos.

Em resumo: para melhorar a autoestima, não devemos tentar nos “consertar” nem adotarmos uma postura de “autoaprovação incondicional”.

O caminho é mais realista, sensato e construtivo. E se dá por meio da autoaceitação.

Relação entre autoaceitação e autoestima

Para entendermos melhor o conceito de autoaceitação — e o porquê de adotar sua prática para lidar com a baixa autoestima — vamos, primeiro, pensar um pouco sobre a forma como elaboramos nossa autoestima.

Segundo o psicólogo Albert Ellis (criador da Terapia Racional Emotiva Comportamental), definimos nossa autoestima a partir de autoavaliações.

Ou seja, medimos nosso valor considerando:

  • Conquistas e sucessos;
  • Aprovação das outras pessoas em relação ao nosso desempenho, comportamento, aparência, etc.

Ao associar nosso valor a experiências bem-sucedidas, estamos condicionando nossa autoestima.

Isso significa que temos uma avaliação positiva a nosso respeito quando outras pessoas nos admiram e nos aprovam. Nos sentimos “pessoas de valor” desde que nossos feitos tenham resultados positivos.

Mas o que ocorre, então, quando enfrentamos rejeição ou fracasso? Nosso valor oscila? Nos tornamos pessoas ruins ou inferiores porque falhamos?

Ora, se nossa autoestima depende do que obtemos, ela jamais será estável.

Seguindo esse raciocínio, só nos teremos em alta consideração enquanto tudo correr bem, da forma que planejamos e desejamos. E, por consequência, estaremos prontos a nos depreciar, nos desvalorizar, sempre que as coisas forem diferentes de nossas idealizações.

Em função dessa inconstância, Albert Ellis afirma que, em vez de buscarmos aumentar nossa autoestima perseguindo conquistas que “provem” nosso valor, devemos adotar outro parâmetro para nos analisar.

O psicólogo propõe que tenhamos um olhar mais atento à nossa complexidade. Afinal, nenhuma característica, opinião ou situação isolada — seja boa ou ruim — tem o poder de definir quem somos.

Somos multifacetados. Mutáveis. Falíveis. Bons em algumas coisas, não tão bons em outras.

O ponto, para vivermos em paz com nós mesmos, sem autojulgamentos que nos aprisionem a culpas, vergonhas e automenosprezo, é procurar a autoaceitação.

Em outras palavras, segundo Ellis, devemos abraçar quem somos, em nossa totalidade, aceitando todas as nossas características, ações e pensamentos.

Leia também: 13 dicas de como se tornar mais resiliente.

Praticar um cuidado diário de si mesmo é muito importante.
Com a autoaceitação você pratica um cuidado diário de si mesmo.

Entendendo a autoaceitação

Então autoaceitação significa se conformar com as coisas? Ver fracassos e limitações como méritos?

Nada disso!

Autoaceitação não equivale a usar “lentes cor-de-rosa” para encarar a vida. Ao contrário: a autoaceitação pede uma atitude racional, que amplia nossa perspectiva, abolindo filtros tendenciosos.

Aceitar quem você é inclui reconhecer seus erros, falhas, decepções, fraquezas. Porém, você também reconhece que tais circunstâncias não representam a totalidade do seu eu. Suas habilidades e sucessos não deixam de existir porque algo desagradável acontece.

Por exemplo: você não se torna um péssimo motorista porque cometeu uma infração no trânsito. É claro que você preferiria não ter cometido infração alguma. Mas aconteceu. Foi um erro. Você pode assumi-lo sem presumir que a situação desqualifica toda sua experiência como bom motorista — ou imaginar que, em função do erro, perdeu sua capacidade de dirigir com destreza.

Erros e acertos, bons e maus desempenhos, comportamentos louváveis e reprováveis. Todos são partes de uma história e não a história inteira.

Os problemas com a autoestima começam quando queremos uma trajetória perfeita, quando não aceitamos nossa natureza falível.

Por outro lado, quando adotamos a autoaceitação para avaliar quem somos e o que vivemos, assumimos uma postura mais realista. Aceitamos as derrotas e os sucessos, encontrando conforto nesse equilíbrio.

Leia também: Como parar de ter comportamento autodestrutivo.

Como praticar a autoaceitação

Terapeutas cognitivo-comportamentais (bem como especialistas em outras abordagens da psicologia) costumam incentivar a prática da autoaceitação como estratégia para lidar com a baixa autoestima.

Abaixo, indicamos alguns exercícios que você pode realizar por conta própria, a fim de desenvolver essa habilidade.

  1. Preste atenção na forma como você conversa consigo mesmo. Observe se você usa xingamentos e uma linguagem autoabusiva. Você falaria da mesma forma com uma pessoa que admira e respeita?
  2. Sempre que perceber que está se rotulando (usando termos depreciativos para se definir), se questione: “por que estou afirmando que sou um estúpido (incompetente, inútil, fracassado…)?”. Encontre o porquê do rótulo. Quando você se esforça para encontrar o motivo específico que o leva a tal julgamento, você consegue perceber que a generalização não faz sentido.
  3. Aceite elogios. Pessoas que lutam com a baixa autoestima costumam invalidar opiniões e feedbacks positivos sobre seu desempenho, aparência, comportamento ou qualquer outro aspecto de sua personalidade.
  4. Identifique situações das quais você se esquiva em função de sua baixa autoestima. Você pode evitar ir a festas porque se sente inadequado, por exemplo. Então, desafie-se a ir a uma festa, aceitando-se como você é. Ou faça aquilo que faria se aceitasse a si mesmo. Não se cobre nenhum tipo de desempenho específico. Apenas se exponha à situação. Depois do teste, você vai verificar que muitos dos seus temores não se justificam.
  5. Fale sobre suas fraquezas, falhas e erros com alguém em quem confia. Um bom ouvinte pode te ajudar a perceber que o problema não é tão terrível e imperdoável quanto você avalia.

É importante que você tenha em mente que será necessário praticar a autoaceitação constantemente. E, conforme você repete os exercícios sugeridos, mais desenvolve a habilidade.

Certamente, as sugestões que pontuamos aqui são apenas um ponto de partida. Também não visam substituir o acompanhamento psicológico que apenas um terapeuta especializado pode oferecer.

Portanto, se tiver dificuldades ou quiser aprimorar seu processo de autoaceitação, considere fazer terapia!

psicóloga Vila Mariana Luana Nodari

Luana Nodari

Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356


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Sobre a Luana

Luana Nodari é Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Compotrtamental (TCC) pela PUC e especialista em Neuropsicologia pelo IPqHC da USP. 
Possui outras formações em áreas da Psicologia e Neuropsicologia em universidades nacionais e internacionais. 

Atualmente, faz atendimentos particulares em sua clínica no bairro da Vila Mariana em São Paulo/SP, nas modalidades presencial e online | CRP 06/112356.