
Antes de falarmos sobre as características da baixa autoestima, vamos entender melhor o que é autoestima — e porque ela é tão importante para sua saúde mental.
O primeiro ponto que precisamos entender é que nossa autoestima está relacionada à avaliação que fazemos de nosso valor. É a opinião que temos sobre nós mesmos. Sobre nossas competências, importância e relevância.
Claro, ninguém nasce com essa autoavaliação preestabelecida. Ela se desenvolve com o tempo, refletindo as experiências de vida pelas quais passamos.
Sendo assim, aquilo que ouvimos sobre nós e a forma como somos tratados no ambiente familiar, escolar e em outros contextos sociais, desde a infância, tem profundo impacto na construção de nossa autoestima.
Mas de que forma aquilo que pensamos sobre nós pode interferir em nossa saúde mental?
Bem, este é o segundo ponto que devemos aprender a observar.
Autoestima saudável
Para exemplificar, vamos imaginar alguém que tem uma opinião positiva sobre seu valor próprio. Vamos chamar essa pessoa de Laura.
Laura se sente digna de ser amada. Acredita que tem capacidade de superar desafios. Sabe que seus amigos, familiares e colegas de trabalho têm motivos para apreciar sua companhia e respeitar seu ponto de vista.
Isso não significa que Laura seja uma pessoa extraordinária. Ela tem “defeitos”, comete erros, enfrenta dificuldades.
Porém, como sua autoestima é saudável, apesar de se sentir insegura às vezes, Laura não se julga inferior e inútil, em função de suas falhas e imperfeições. Ela apenas compreende que é um ser humano — e, como todos os outros seres humanos, terá seus momentos bons e ruins; conquistas e tropeços; aprovações e rejeições.
Laura enxerga e valoriza seus pontos fortes. Mas também identifica seus pontos fracos. Sabe que há aspectos de si que pode melhorar. E outros que deve aceitar — afinal, nenhum evento ou característica específica tem o poder de definir o valor de uma pessoa.
Laura conversa consigo mesma como quem conversa com um ótimo amigo. Seus pensamentos a encorajam, estimulam. Assim como, também, chamam sua atenção para escolhas prejudiciais.
Por isso, a autoestima de Laura colabora para sua saúde física e mental. Suas decisões, seus relacionamentos, suas atitudes de autocuidado, sua interação com os outros, seu desempenho profissional e acadêmico: tudo isso está conectado com o fato de que ela aceita quem ela é, suas forças e fraquezas.
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Baixa autoestima
Já que usamos um exemplo para ilustrar o que é autoestima saudável, vamos fazer o mesmo para esclarecer o que é baixa autoestima.
Agora, vamos chamar nossa personagem de Camila.
Tal como Laura, Camila tem uma opinião sobre si própria. Mas, diferente de Laura, Camila não se tem em alta consideração. Seu diálogo interno (a conversa que tem consigo mesma) não se assemelha àquele que teria com um amigo. Ao contrário, os pensamentos de Camila parecem insultos.
Camila se repreende por seus erros. Fica os remoendo, mentalmente, sentindo culpa e vergonha. Ela acredita que seus erros, seus maus momentos, suas dificuldades, são provas de sua inferioridade.
Camila “mede” seu valor próprio a partir de comparações com outras pessoas. Compara sua aparência, sua vida amorosa, sua trajetória profissional, suas notas, suas conquistas. E, sem muito esforço, conclui que tudo o que é — e tudo o que faz — está abaixo do padrão.
Por conta desse pensamento, Camila é bastante insegura. Muitas vezes, prefere se calar em vez de defender seu ponto de vista. Acredita que as pessoas não se interessam por ela. E, diante de desafios, tende a desistir assim que se depara com a necessidade de superação.
“Sou horrível”. “Sou um fracasso”. “Não tenho competência para nada”. Essas são frases que Camila diz para si própria, sempre que faz sua autoavaliação.
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Diferença entre autoestima saudável e baixa autoestima
Então, o que diferencia Camila e Laura?
Vimos que Laura, com sua autoestima saudável, também passa por situações complicadas. Não é uma pessoa perfeita — até porque esse tipo de pessoa, simplesmente, não existe (a natureza do ser humano é a imperfeição!).
A diferença entre as duas personagens é que, enquanto Laura vê os altos e baixos da vida (sem transformá-los em parâmetro para medir seu valor), Camila se fixa, excessivamente, nos aspectos negativos. E passa a acreditar que esses “pontos baixos” são suas principais características.
Por consequência, obviamente, Camila tem baixa autoestima.
Mas Camila não está sendo realista em sua autoanálise?
Responda você mesmo: para ser realista (ou seja, fiel à realidade) ela não deveria observar todos os aspectos da realidade?
Como ela poderia chegar a uma conclusão realista quando tudo o que leva em conta são as suas interpretações negativas?
Camila, como qualquer outra pessoa, tem habilidades. Tem características dignas de admiração. Tem experiências bem-sucedidas para contar.
O que ocorre é que Camila acaba ignorando ou minimizando esses fatos.
Seus pontos fortes existem! Logo, se ela quiser ser realista, precisa considerá-los ao elaborar sua autoestima.
Problemas relacionados à baixa autoestima
Se rotular: afirmar, para si própria, que é “horrível”, “um fracasso”, “incompetente”.
Generalizar o resultado de suas ações ou situações que enfrenta. Acreditar que um erro é uma evidência concreta de que nunca vai conseguir superar suas dificuldades.
Desqualificar aspectos positivos de sua personalidade.
Avaliar seu valor pessoal a partir de fatores externos. Julgar a si própria com base na comparação e opinião de outras pessoas.
Camila é apenas uma personagem fictícia. Mas, se você tem baixa autoestima, pode ter se identificado com ela.
E de que forma os pensamentos relacionados à baixa autoestima podem afetar a qualidade de vida de alguém?
A baixa autoestima está associada a diversos problemas psicológicos, tais como ansiedade e depressão.
Além disso, as crenças negativas sobre si mesmo podem fazer com que a pessoa assuma comportamentos prejudiciais — procrastinação, perfeccionismo, isolamento social e falta de assertividade, por exemplo.
Se você percebe que problemas, como os que acabamos de listar, estão se tornando recorrentes em seu dia a dia, não se “acostume” com eles!
Lembre-se de que você é um ser humano. E, como tal, está em constante mudança. Você sempre pode mudar.
Um passo importante para mudança é aprender a identificar seus erros de pensamento.
Enxergando esses erros, você tem a possibilidade de rever suas opiniões e elaborar novas interpretações, mais realistas (e positivas).
Mas como fazer isso?
A terapia cognitivo comportamental (TCC) pode te ajudar bastante!
Portanto, considere conversar com um psicólogo especialista em TCC para obter orientações sobre como lidar com sua baixa autoestima.
Aqui, no blog, você vai encontrar outros textos que também podem te ajudar. Por isso, te convidamos a acompanhar nossas postagens e conferir nossos artigos.
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Luana Nodari
Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356