Vamos começar esta conversa com uma pergunta: o que é comportamento autodestrutivo para você?
Diria que é sinônimo de vício?
Você associa o conceito à automutilação ou demais comportamentos que ferem o corpo?
Se você pensou nesses exemplos, sua percepção está correta. Mas incompleta.
Então, vamos deixar claro. Quando nos referimos ao comportamento autodestrutivo estamos falando sobre qualquer hábito prejudicial.
Pode afetar tanto a saúde física quanto a mental. E, muitas vezes, atinge ambas.
Desse modo, podemos afirmar que fumar é um comportamento autodestrutivo, sem dúvida.
Mas devemos perceber que outras “manias” — talvez menos óbvias quanto ao seu potencial nocivo — também causam sérios danos ao nosso bem-estar.
Procrastinar, por exemplo. Parece uma coisa boba, não é verdade?
Mas se você faz desse comportamento uma constante em sua vida, sabe muito bem que seus efeitos são perturbadores.
Por isso, neste texto, vamos apresentar dicas para te ajudar a quebrar o ciclo de comportamento autodestrutivo — seja ele qual for.
Preparado para a atitude de mudança?
Então siga a leitura!
1. Identifique os gatilhos de seu comportamento autodestrutivo
Você pode começar fazendo uma lista de tudo que gostaria de mudar em seu estilo de vida.
Pense em seu dia a dia. Localize os padrões de pensamento, hábitos e atitudes que, no fundo, você sabe que fazem mal para sua saúde física ou psicológica.
Escreva essa lista. Isso vai te ajudar a refletir.
Agora, considere um comportamento destrutivo por vez.
Selecione algo de sua lista e pergunte-se:
- Quando o comportamento ocorre? É em algum horário específico do dia? Ou em determinados eventos e situações?
- Está associado a um lugar? A uma pessoa? Ou à presença de certos objetos?
- Quais sentimentos ou estado de humor costumam levar à repetição do comportamento autodestrutivo?
- O que estava fazendo ou pensando antes de ceder ao mau hábito?
A questão aqui é descobrir o contexto do comportamento negativo. Pois, embora ele possa parecer aleatório, na verdade ele é consequência de estímulos. Ou seja, os tais gatilhos, que levam a um círculo vicioso.
2. Pense em formas de mudar o contexto do comportamento negativo
Consciente de quais são os seus gatilhos (eles variam de pessoa para pessoa) você pode começar a se questionar:
- Há um modo de excluí-los de minha vida?
- Posso deixá-los mais distantes, para dificultar meu acesso e ter tempo de decidir não usá-los?
- Existem coisas, lugares ou rotinas alternativas que posso adotar para substituí-los?
- Posso lidar com as emoções ruins usando outros recursos?
Acredite, sempre há alguma coisa diferente que você pode tentar.
Seu cérebro pode não gostar da mudança — pois ele prefere manter padrões automáticos, para economizar energia.
Então, esteja ciente de que fazer alterações é um processo que exige paciência e persistência.
Mas o esforço vale a pena! Afinal, modificar o contexto permite que seu comportamento possa se reinventar.
3. Pesquise sobre o comportamento autodestrutivo que te perturba
Talvez você tenha lido as dicas anteriores e tenha pensado “mas de onde vou tirar novas ideias?”.
Bem, a verdade é que, não importa qual seja o seu problema, você não está sozinho.
Milhares de pessoas, todos os dias, enfrentam situações muito parecidas com as suas.
E, justamente por ser tão comum, o comportamento autodestrutivo é bastante estudado e debatido.
Então, use a internet para encontrar técnicas de terapia cognitivo comportamental (TCC) relacionadas à sua dificuldade, por exemplo.
Ou procure relatos de pessoas que já passaram pelo obstáculo que você deseja vencer.
Aprender sobre o “inimigo” te deixará mais confiante e ajudará a guiar suas ações.
Porque força de vontade é importante. Mas não é tudo.
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4. Respire profunda e lentamente
Essa tática pode ser usada sempre que você se perceber diante da “tentação” de repetir um padrão de comportamento autodestrutiva.
Dar atenção à respiração, buscando um ritmo tranquilo, irá diminuir sua ansiedade e desacelerar o ritmo de sua mente, permitindo que você pense com mais clareza.
5. Mentalmente, repita afirmações otimistas
Memorize algumas frases curtas que o encorajem nos momentos de dúvida. “Estou fazendo o meu melhor” e “Sou eu quem crio minha felicidade” são exemplos poderosos.
6. Segure o impulso por um minuto
Assim que se perceber prestes a ceder ao impulso autodestrutivo, olhe para o relógio e acompanhe o ponteiro até completar a volta completa.
Comece com 60 segundos e vá aumentando o tempo.
A pausa entre o pensar e fazer pode ser suficiente para que você se distraia e consiga ter outra escolha.
7. Faça do fracasso uma oportunidade de avanço
Se você fizer tudo certo, irá se livrar do comportamento autodestrutivo rapidinho.
Será mesmo?
Infelizmente, não costuma funcionar desse jeito…
Romper com vícios, maus hábitos e costumes é complicado!
Aceite isso porque, provavelmente, você terá deslizes pelo caminho.
Se esperamos sucesso imediato, os fracassos são vistos como provas de que não somos bons o suficiente para superar os impulsos negativos.
Deixe essa interpretação de lado!
Você tropeçou? Ok, então analise a “cena” para descobrir o que gerou a recaída.
Tenha autocompaixão e perdoe a si mesmo.
Nada de gastar energia remoendo culpas!
Veja o erro como um ensinamento. Ele mostrará seus pontos fracos e permitirá que você aprimore seus métodos de enfrentamento.
Foi assim que você aprendeu a andar. Caindo, levantando, buscando equilíbrio…
Só há derrota quando você desiste de lutar.
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8. Encontre inspiração para persistir na mudança
Livros são ótimas companhias para quem está disposto a adotar novos hábitos.
Além disso, há títulos interessantes, que mostram caminhos possíveis para superação de comportamentos prejudiciais.
Pensando nisso, listamos 4 sugestões de leituras que vão te ajudar a entender e lidar com comportamento autodestrutivo. Confira:
- Tire proveito dos seus impulsos, de Pauline Wallin (Editora Vida e Consciência).
“Pauline Wallin discute problemas ocasionados pela impulsividade e demonstra de que maneira é possível controlar certas vontades.”
— Sinopse da Editora.
- O ciclo da autossabotagem: por que repetimos atitudes que destroem nossos relacionamentos e nos fazem sofrer, de Stanley Rosner e Patricia Hermes (Editora Best Seller).
“O ciclo da autossabotagem oferece ao leitor um guia sobre como os eventos iniciais das nossas vidas podem criar dilemas inconscientes que nos levam a repetir a situação de outras formas. Ele tem como objetivo nos mostrar como podemos resolver os problemas remanescentes, explicando como reconhecê-los e, em seguida, avançar para colocá-los em repouso de maneiras que não sejam sabotadoras.
De forma simples e objetiva os autores oferecem ferramentas preciosas para uma efetiva alteração de comportamento, proporcionando uma mudança profunda e positiva em nossas vidas.”
— Trecho de resenha divulgado pela Editora
- Eu achava que isso só acontecia comigo: como combater a cultura da vergonha e recuperar o poder e a coragem, de Brené Brown (Editora Sextante).
“Vivemos em uma cultura que nos diz que devemos rejeitar nosso corpo, nossas histórias autênticas e até nosso verdadeiro eu a fim de nos adequar e sermos aceitos. Vícios, perfeccionismo, medo e culpa são apenas alguns dos sinais externos dos efeitos da vergonha nos aspectos mais banais e visíveis de nossa vida – da saúde mental e física à imagem corporal, incluindo nossas relações com parceiros, filhos, amigos, dinheiro e trabalho.
Brené mostra que nossas vulnerabilidades não são fraquezas; são lembretes poderosos para manter nossos corações e mentes abertos à realidade de que estamos todos juntos nisso. E apresenta estratégias para transformar nossa capacidade de amar, trabalhar, ser pai ou mãe e construir relacionamentos.”
— Trecho de resenha divulgada no site da Editora Sextante.
- Sua voz dentro de mim, de Emma Forrest (Editora Rocco).
“Aos 22 anos, a jornalista, escritora e roteirista Emma Forrest parecia levar uma vida maravilhosa: havia deixado a casa dos pais em Londres, cidade onde foi criada, para morar em Nova York, tinha um contrato com o jornal The Guardian e estava prestes a publicar seu primeiro livro. Mas, por trás da aparência bem-sucedida, havia uma jovem com sérios problemas psiquiátricos, que se cortava com gilete, sofria de bulimia e era extremamente autodestrutiva. Em Sua voz dentro de mim, Emma apresenta suas memórias, sem medo de expor o lado mais escuro que guarda dentro de si.
Apesar de toda a dor e do mergulho profundo na depressão e na autodestruição que permeiam o livro, Emma Forrest consegue explorar a beleza do amor e falar de superação ao longo das páginas.”
— Trecho da resenha do livro, disponibilizada no site da Editora Rocco.
9. Procure apoio
Você sabia que buscar ajuda pode ser libertador?
Exatamente! Contar com apoio em para superar desafios nos deixa mais fortes, entusiasmados, nos abre para novas perspectivas.
Ao conversar com outras pessoas você também se entenderá melhor.
Aprenderá estratégias que nunca lhe ocorreram experimentar.
Mas… onde encontrar esse apoio?
Amigos e familiares, com quem você se sente à vontade para desabafar, sempre serão ótimas opções.
Porém, talvez elas não compreendam seu problema com muita propriedade.
Principalmente se o comportamento autodestrutivo representa algo grave — como estar preso a um relacionamento abusivo, ter compulsões alimentares ou praticar automutilações.
Nesse caso, a melhor ajuda que você irá obter virá de um psicólogo.
Lembre que o psicólogo é alguém que irá lhe ouvir sem fazer julgamentos e manterá total sigilo sobre a conversa.
Mais do que isso: como ele estuda o comportamento humano, saberá indicar as ferramentas certas para lidar com as dificuldades.
Se você tem dúvidas sobre como funcionam as sessões de terapia, escreva suas perguntas no campo dos comentários (logo abaixo deste texto). Ou entre em contato pelo formulário do site!
Não esqueça: a única “pergunta boba” é aquela que a gente não faz…
Luana Nodari
Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356