Esclareça suas dúvidas sobre a síndrome de burnout. E conheça estratégias para evitar o esgotamento profissional.
Confira os tópicos que você encontrará neste texto:
Quais são os sintomas da síndrome de burnout?
Para saber se você está desenvolvendo a síndrome de burnout, é necessário prestar atenção aos sinais de exaustão física, mental e emocional.
Semelhantes aos sintomas depressivos, os indícios de esgotamento profissional incluem:
1. Cansaço crônico
Esse sintoma costuma ser descrito como uma sensação de fadiga ou falta de energia, em diferentes situações e momentos do dia.
2. Perda do entusiasmo e da motivação com o trabalho
”O esgotamento ocorre quando um indivíduo experimenta demandas prolongadas, estresse crônico, fadiga, falta de suporte e uma diminuição da satisfação com o que está fazendo.” — Asa Don Brown
3. Pessimismo recorrente
O pessimismo, característico do burnout, pode significar uma tendência a exagerar na análise de problemas do dia a dia. Ou seja, a pessoa acaba imaginando consequências desastrosas, desproporcionais ao que, de fato, as situações podem implicar.
Outra manifestação do pessimismo costuma ser perceptível no excesso de autocrítica.
4. Dificuldade para resolver problemas
A dificuldade também se manifesta diante da necessidade de tomar decisões ou de lembrar das coisas.
5. Queda na produtividade e no desempenho profissional
“Somos totalmente culpados de fazer muito de uma vez, ao mesmo tempo que tentamos controlar o ruído em nossas cabeças que diz que não estamos fazendo o suficiente.” — Vanessa Autrey
6. Aumento das situações de conflito com outras pessoas
A exaustão e estresse crônico nos deixam mais inflexíveis, intolerantes, mal-humorados. Como resultado, agimos com impaciência e podemos notar maior frequência de “explosões de raiva”.
7. Sensação de apatia
Além da apatia, o indivíduo que sofre com esgotamento profissional pode experimentar sensação de alheamento em ocasiões sociais.
8. Preocupação constante com o trabalho (mesmo fora dele)
Caso você se identifique com esse sintoma, sugiro que veja o texto Como parar de se preocupar (7 dicas para afastar as preocupações do seu caminho). É possível que você encontre estratégias úteis para lidar com o problema.
9. Sintomas físicos
Dentre os sinais de burnout que podemos perceber na saúde física, os mais comuns são:
- dores de cabeça;
- tensão muscular;
- problemas gastrointestinais.
10. Sentimento de insatisfação e perda do prazer com a vida
“Quando sua consciência o impele a assumir mais tarefas do que você pode suportar, você começa a perder o interesse, mesmo nas tarefas que normalmente o animavam. Você arrisca sua saúde física. ‘Trabalho emocional’, que é o esforço que fazemos para controlar e mudar nossas próprias emoções, está associado a estresse, esgotamento e até mesmo sintomas físicos, como aumento de doenças cardiovasculares.” — Susan Cain
11. Descuido consigo próprio
Que se manifesta em comportamentos prejudiciais, tais como:
- comer pouco ou consumir apenas “besteiras”;
- dormir menos que o necessário;
- adotar uma vida sedentária;
- aumentar o consumo de álcool, café e cigarros, etc.
Todos temos dias ruins. Também é natural que mesmo o “emprego dos sonhos” nos deixe estressados e nos faça querer desistir de tudo — eventualmente.
Falamos em síndrome de burnout quando esses eventos deixam de ser esporádicos para tomarem a forma de um “estilo de vida”.
Ou seja, se você leu os sintomas que descrevemos acima e os identificou como elementos comuns em seu dia a dia, é hora de reavaliar sua rotina e procurar ajuda de um profissional de saúde.
Quais são as causas da síndrome de burnout?
As causas da síndrome de burnout estão associadas ao excesso de atividades profissionais, geralmente acentuadas pela impossibilidade de delegar tarefas, controlar a agenda, definir metas claras e estabelecer equilíbrio entre horas de trabalho e vida pessoal.
Dessa forma, dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome de burnout, podemos listar:
- carga de trabalho incompatível com o tempo ideal para cumpri-la ou com habilidades pessoais, gerando uma sensação de sobrecarga crônica;
- ausência de autonomia para tomar decisões, negociar ou, simplesmente, poder dizer “não” para certas demandas;
- perfeccionismo — que pode provocar constante retrabalho, frustração com resultados e atrasos cumulativos nas entregas;
- ambiente de trabalho desorganizado — não apenas o espaço, mas também as relações de equipe e chefia;
- dificuldade de confiar ou solicitar outras pessoas para a realização de serviços;
- redução significativa no tempo dedicado ao descanso (físico e mental), lazer e convívio com amigos e familiares;
- passar muito tempo, fora do trabalho, respondendo e-mails, em reuniões ou fazendo horas extras;
- considerar que há pouco reconhecimento ou recompensa em contrapartida às atividades desempenhadas;
- divergir de valores e posturas praticados pela empresa — ou seus integrantes;
- qualificar o trabalho como inútil ou monótono;
- lidar cotidianamente com situações que representam muito estresse ou perigo — tanto que policiais, bombeiros, professores e profissionais da área de saúde estão entre as profissões mais afetadas pela síndrome de burnout.
Posso ter síndrome de burnout trabalhando em casa?
Pessoas que trabalham em casa, no sistema popularmente chamado de home office, estão especialmente sujeitas à síndrome de burnout. Afinal, nessas circunstâncias, é muito mais difícil estabelecer horários fixos para iniciar e encerrar as atividades profissionais.
Além disso, há o impacto do isolamento social. Sem a convivência típica do ambiente de trabalho — que proporciona trocas, desabafos, colaboração e risadas — é comum que haja uma queda no humor e gradual aumento de estresse.
Também é preciso considerar que, em casa, nem sempre se conta com recursos adequados ao desempenho satisfatório. Nesse quesito, entram tanto as questões de ergonomia dos móveis e local reservado ao escritório quanto as interrupções de outras pessoas que habitam a residência.
É importante enfatizar que pessoas que se dedicam exclusivamente às tarefas domésticas estão, igualmente, propensas à síndrome de burnout.
O que determina o esgotamento profissional não é o ramo de atividade, mas sim o excesso de atribuições e exigências.
Contudo, se as causas do estresse não estiverem relacionadas ao trabalho em si — mas a circunstâncias como crises conjugais e dificuldades com os filhos, por exemplo — a definição de síndrome de burnout não se aplica.
Como evitar a síndrome de burnout?
Para evitar a síndrome de burnout é fundamental reduzir ou, se possível, eliminar os fatores responsáveis pelo esgotamento crônico e estresse exacerbado. Isso significa reavaliar atitudes e relações com o ambiente de trabalho.
Se você deseja prevenir ou tratar a síndrome de burnout, comece a dar atenção para os seguintes pontos:
1. Momentos de lazer e relaxamento
Leve essa exigência bastante a sério, assumindo a responsabilidade de destinar horas específicas de seu dia para se divertir, meditar, praticar algum hobby, se desligar totalmente do trabalho e desestressar.
2. Planejamento
Agenda caótica, ausência de objetividade e intermináveis listas de tarefas — que contam apenas com a memória para serem lembradas — deixam o “território” propício ao burnout.
Limpe sua mente, organizando sua rotina com antecedência e deixando tudo registrado no papel.
Você se sentirá muito melhor ao definir, de antemão, o que fará na sequência dos dias, aumentando sua habilidade para eleger prioridades e gerenciar o tempo.
3. Regularidade do sono e alimentação
Definitivamente, você não favorece seu bem-estar ao dormir menos de 8 horas por dia e limitar suas refeições a lanches ou junk food.
Com urgência, crie estratégias para garantir qualidade ao seu sono e uma dieta o mais saudável possível.
Essas, somadas aos exercícios físicos — outro ponto que merece seu empenho —, são as bases indiscutíveis do autocuidado.
4. Apoio
Se você foi diagnosticado ou suspeita que esteja enfrentando a síndrome de burnout, conversar com um psicólogo irá ajudá-lo.
A terapia cognitivo comportamental (TCC) é bastante recomendada para quem sofre com esgotamento profissional, pois o método inclui o aprendizado de técnicas que permitem a conquista de melhor qualidade de vida.
Trocar experiências com outras pessoas que vivenciam o transtorno também pode ser muito útil. Procure grupos no Facebook sobre síndrome de burnout e experimente participar de algum com o qual se identifique e se sinta acolhido.
Saiba mais sobre a síndrome de burnout
Se você gostou das referências que utilizamos neste texto, pode estar interessado em buscar mais informações. Para ajudá-lo nesse passo, destacamos uma lista dos livros que recomendamos. Confira:
- Não aguento mais não aguentar mais: como os millennials se tornaram a geração do burnout. Por Anne Helen Petersen. Editora HarperCollins.
- A Arte de não fazer nada: como quebrar o ciclo vicioso de trabalhar demais e viver de menos. Por Celeste Headlee. Editora Pergaminho (edição portuguesa).
- Sociedade do cansaço. Por Byung-Chul Han. Editora Vozes.
- Burnout: o segredo para romper com o ciclo de estresse. Por Emily Nagoski e Amelia Nagoski.
Para conhecer outras dicas de cuidados com saúde mental e emocional, acompanhe nossas postagens nas redes sociais.
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Luana Nodari
Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356