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Como um trauma pode afetar a sua vida?

O trauma poder trazer consequências  para o resto da vida.
Muitos casos de traumas acontecem na infância e, algumas vezes,
só se manifestarão na fase adulta.

A vida nem sempre é composta por momentos felizes e um trauma pode acontecer de um momento para o outro.

A maioria das pessoas passou ou irá passar por eventos potencialmente traumáticos ao longo da vida. São situações em que o indivíduo se sente em risco de morte, de ser ferido ou perder sua sanidade mental.

Superar uma situação traumática ou ficar marcado por ela é o limiar entre estresse e trauma — a raiz de diversos transtornos psicológicos, principalmente quando ocorrem na infância.

“Depois de uma experiência traumática, o sistema humano de autopreservação parece entrar em alerta permanente, como se o perigo pudesse voltar a qualquer momento”*, afirma a psiquiatra Judith Lewis Herman, especialista em estudos de estresse traumático, em seu livro Trauma and Recovery (Trauma e Recuperação), ainda sem edição em português.

Ser vítima de um desastre ambiental, acidente ou violência são exemplos de situações que podem ser traumáticas. De acordo com a Dra. Judith Lewis Herman:

“No momento do trauma, a vítima fica impotente por causa de uma força avassaladora. Quando a força é da natureza, falamos de desastres. Quando a força é de outros seres humanos, falamos de atrocidades. Os eventos traumáticos sobrecarregam os sistemas comuns de atendimento que dão às pessoas uma sensação de controle, conexão e significado.”*

A palavra trauma tem sua origem etimológica no grego e significa “ferida”, que podemos compreender por uma lesão causada por agente externo, mas que repercute em nível interno/psíquico.

Cada indivíduo reage aos eventos estressantes de maneira singular.

Quando, diante de eventos maiores do que a nossa capacidade de suportar, surge o que é chamado de trauma.


Leia também: Luto: como lidar com a dor? 6 atitudes que podem ajudar

Quais os tipos de traumas mais comuns?

Não existe apenas um tipo de trauma que possa abalar o estado psicológico de uma pessoa, mas alguns são mais recorrentes. Entre eles podemos citar:

  • separação conjugal;
  • perda de entes queridos;
  • aborto;
  • acidentes;
  • assalto;
  • sequestro;
  • violência sexual;
  • mudanças drásticas na vida;
  • sofrimento ou testemunho de violência.

Seja qual for a situação traumática, é fundamental cuidado especial e tratamento direcionado, pois são experiências muito dolorosas que causam sensações diversas no indivíduo, como:

Além desses indícios, é comum que a pessoa que passa por um trauma busque evitar circunstâncias que, de algum modo, se conectem à experiência dolorosa do passado.

Contudo, tal estratégia acaba se mostrando disfuncional, pois implica em novos prejuízos ao bem-estar da pessoa. Podemos contar com as explicações da Dra. Judith Lewis Herman para entender melhor o problema:

“Ao evitar quaisquer situações que lembrem o trauma do passado, ou qualquer iniciativa que possa envolver planejamento e risco futuro, as pessoas traumatizadas se privam dessas novas oportunidades de enfrentamento bem-sucedido que poderiam mitigar o efeito da experiência traumática. Assim, os sintomas constritivos, embora possam representar uma tentativa de defesa contra estados emocionais opressores, cobram um alto preço por qualquer proteção que possam oferecer. Eles estreitam e empobrecem a qualidade de vida e, em última análise, perpetuam os efeitos do evento traumático.”*

Traumas podem causar transtornos como a depressão
É importante procurar auxílio de um profissional, pois sair de um trauma sozinho é,
muitas vezes, difícil.

5 sinais de trauma psicológico

Caso você tenha passado por esses ou outro tipo de episódios traumáticos e estiver passando por alguns dos sintomas listados abaixo, não hesite em procurar a ajuda especializada de um psicólogo ou psiquiatra.

  • Pesadelos;
  • Flashbacks;
  • Ansiedade;
  • Tristeza ou culpa;
  • Sentindo-se entorpecido.

Novamente, citamos um trecho da obra clássica da psiquiatra Judith Lewis Herman, onde ela resume:

“O momento traumático é codificado em uma forma anormal de memória, que se transforma espontaneamente em consciência, tanto como flashbacks durante os estados de vigília, quanto como pesadelos traumáticos durante o sono. Lembretes pequenos e aparentemente insignificantes também podem evocar essas memórias, que muitas vezes retornam com toda a vivacidade e força emocional do evento original. Assim, mesmo ambientes normalmente seguros podem vir a parecer perigosos, pois o sobrevivente nunca pode ter certeza de que não encontrará alguma lembrança do trauma.”*


Leia também: Técnicas para sair de pensamentos negativos

Trauma tem cura? Como tratar

Para superar um trauma é preciso vencer a experiência negativa passada. Assim, você não será mais afetado pela lembrança daquele momento e as sensações não serão revividas constantemente.

Psicoterapia

Porém, nem sempre é possível superar esses eventos sozinhos, e a psicoterapia pode ajudar. A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é muito recomendada para ajudar o paciente a lidar com aquele acontecimento.

O tratamento normalmente dura alguns meses e durante as sessões são trabalhadas questões como o entendimento do trauma e uma reexposição a ele, com o objetivo de mudar a relação da pessoa com suas lembranças.

O psicólogo irá te auxiliar durante as sessões e também recomendado exercícios para praticar em casa.

Tratamento psiquiátrico

A busca por tratamento com psiquiatra também pode ser benéfica. E engana-se quem pensa que a prescrição de medicamentos é a abordagem central nesses casos.

Como exemplo de procedimento, podemos citar o que ensina o psiquiatra Bessel A. van der Kolk, no livro O corpo guarda as marcas: cérebro, mente e corpo na cura do trauma (Editora Sextante):

“As vítimas de trauma não podem se recuperar até que se familiarizem e se tornem amigas das sensações em seus corpos. Estar assustado significa viver em um corpo que está sempre em guarda. Pessoas com raiva vivem em corpos com raiva… Para mudar, as pessoas precisam tomar consciência de suas sensações e da maneira como seus corpos interagem com o mundo ao seu redor. A autoconsciência física é o primeiro passo para liberar a tirania do passado.
Na minha prática, começo o processo ajudando meus pacientes a primeiro notar e, em seguida, descrever os sentimentos em seus corpos — não emoções como raiva, ansiedade ou medo, mas as sensações físicas por trás das emoções: pressão, calor, tensão muscular, formigamento, sensação de vazio e assim por diante. Também trabalho na identificação das sensações associadas ao relaxamento ou prazer. Eu os ajudo a tomar consciência de sua respiração, seus gestos e movimentos…
A mente precisa ser reeducada para sentir as sensações físicas, e o corpo precisa ser ajudado a tolerar e desfrutar do conforto do toque. Indivíduos que carecem de consciência emocional são capazes, com prática, de conectar suas sensações físicas a eventos psicológicos. Então, eles podem se reconectar lentamente com eles mesmos.”

Atividade física

Praticar exercícios regularmente é fundamental para auxiliar no tratamento. O corpo libera endorfina, além de distrair e colaborar para liberar as emoções. Apenas 30 minutos por dia, três vezes por semana vão te ajudar a diminuir os sintomas de ansiedade e depressão.

A atividade física é aliada da psicologia em vários tratamentos de transtornos
Sair de casa, se mexer e fazer atividades em grupo são atitudes que mauxilia nos tratamentos de traumas.

Tenha novos hobbies

Ocupar a cabeça e fazer o cérebro funcionar para criar novas conexões neurais: aprender coisas novas é muito bom! Por isso, para auxiliar no tratamento de traumas, cultive novos que hobbies.

Atividades relaxantes, como pintura, marcenaria, instrumentos, jardinagem, cerâmica, entre outros podem ajudar a distraí-lo e evita que fique pensando repetidamente no evento traumático.


Leia também: Ter um hobby ajuda a combater a depressão

Conclusão

Se você passou por uma experiência traumática e hoje vive as consequências do trauma, saiba que é possível amenizar e resolver essa dor. Procure ajuda e tenha um compromisso de fazer o seu melhor para superá-la.

psicóloga Vila Mariana Luana Nodari

Luana Nodari

Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356

*Trechos do livro Trauma and Recovery. Tradução livre.


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Sobre a Luana

Luana Nodari é Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Compotrtamental (TCC) pela PUC e especialista em Neuropsicologia pelo IPqHC da USP. 
Possui outras formações em áreas da Psicologia e Neuropsicologia em universidades nacionais e internacionais. 

Atualmente, faz atendimentos particulares em sua clínica no bairro da Vila Mariana em São Paulo/SP, nas modalidades presencial e online | CRP 06/112356.