Nomofobia, dependência digital ou a fobia de ficar sem o telefone celular, já ouviu falar sobre isso?
A Nomofobia, termo que se originou na Inglaterra, surgiu a partir da expressão “no-mobile”, que justamente significa, em português, sem dispositivos móveis. A palavra uniu-se a “fobos”, que do grego significa medo, e caracteriza o desconforto ou angústia causados pela impossibilidade de usar o celular, computador ou outro aparelho digital de comunicação.
É fato que a evolução tecnológica afetou drasticamente nosso cotidiano, transformando significativamente todos os aspectos da vida moderna, alterando comportamentos, hábitos e costumes, trazendo consequências positivas e negativas.
Por exemplo, o uso indiscriminado e excessivo dos aparelhos tecnológicos, a Nomofobia, pode desencadear novos aspectos cognitivo-comportamentais e resultar em atitudes nocivas ao indivíduo, como a dependência e o medo irracional de ficar sem os equipamentos eletrônicos em geral.
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Sintomas da Nomofobia – Dependência Digital
Não tem como negar, os aparelhos móveis e as telecomunicações facilitaram a vida de todos. Se comunicar com outra pessoa nunca foi tão fácil, basta um toque no aparelho na palma da mão e pronto.
Os dispositivos móveis estão por todo lado, por isso a Nomofobia pode atingir qualquer pessoa. No Brasil, desde abril de 2018, há mais de um smartphone por habitante, totalizando 208 milhões de aparelhos.
Uma pesquisa feita pela Millward Brown Brasil em parceria com a NetQuest, indica que os brasileiros passam, em média, 3h14 por dia conectados ao smartphone.
Entre os mais jovens, esse número é ainda maior: são 4 horas por dia. O problema é que, segundo um estudo publicado na Psychology of Popular Media Culture, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Brigham Young, nos Estados Unidos, a Nomofobia, o vício em dispositivos móveis, desencadeia um processo de isolamento que interfere e afeta as relações socioafetivas.
Em suma, o resultado é que a vida social, a conversa com os amigos, o passeio ao ar livre, o happy hour com os amigos, ou outras atividades do cotidiano, são deixadas de lado e o indivíduo passa a buscar por uma realidade “pré-fabricada” e oferecida no meio virtual sobre como ser feliz e como ser bem-sucedido, o que acaba distanciando-o da realidade.
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Confira abaixo alguns sintomas da Dependência Digital
- Incapacidade de desligar o celular, necessidade de chamá-lo a cada dois minutos, de forma obsessiva;
- Ouvir a todo momento o aparelho vibrando ou tocando;
- Em alguns casos extremos, a dependência digital apresenta taquicardia ou sudorese como sintoma de abstinência na falta do aparelho;
- Mentir sobre o tempo que gasta no celular;
- Alterações de humor e irritação quando há queda no sinal de internet;
- Perder relações familiares ou no trabalho por causa do uso excessivo do celular;
- Buscar diminuir o tempo de uso do aparelho, mas sem êxito;
- Carregar o telefone constantemente por medo de ficar sem bateria;
- Incapacidade de ir a qualquer lugar, até mesmo o banheiro, sem o celular.
Prejuízos causados pela dependência digital
A dependência digital pode desencadear outros transtornos psíquicos, como depressão, fobia social, transtorno bipolar do humor e déficit de atenção e hiperatividade.
Portanto, se você identificar muitos dos sintomas acima, é importante procurar por ajuda para correta identificação do problema e tratamento adequado. Nos casos mais agudos, inclusive, pode ser necessário uma internação voluntária.
Como aproveitar a tecnologia de forma saudável
É certo que a evolução tecnológica facilitou a rotina, mas reservar alguns momentos para se desconectar é importante. Certifique-se de que as conversas face a face não foram extintas do seu cotidiano, além de ter alguns momentos sozinho, desconectado.
Portanto, é fundamental equilibrar o tempo entre uso do celular e internet com a interação humana, para evitar a Nomofobia ou a dependência digital. Uma dica é: a cada hora investida em frente a tela, dedique um tempo proporcional para conversar com alguém (não vale falar pelo WhatsApp).
Busque em alguns momentos do mês, semana ou diariamente ficar desconectado e longe do celular para conhecer essa sensação de liberdade. Ao deitar para dormir, mantenha o aparelho longe da cama, mesmo que isso signifique ter que levantar para desligar o despertador de manhã.
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Conclusão
Use a tecnologia, mas também tenha períodos de reflexão a sós e compartilhe a convivência com outros indivíduos de forma genuína, aproveitando os momentos de conversa e confraternização.
Agora você já sabe o que é Nomofobia, quais seus sintomas e como se prevenir em meio a tantos estímulos tecnológicos. Se precisar de ajuda, não deixe de entrar em contato com um profissional especializado. Compartilhe esse conteúdo com os amigos e ajude-os também.
Luana Nodari é Psicóloga e Neuropsicóloga
Atende em sua clínica na Vila Mariana / SP, adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356