Você sente medo, irritação e preocupação com frequência? Observa muita ansiedade e nervosismo em seu dia a dia? Saiba que esses podem ser sintomas de diferentes tipos de estresse. Continue a leitura e entenda melhor.
Segundo a pesquisa sobre estresse desenvolvida pela International Stress Management Association (ISMA), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países mais estressados do mundo, perdendo apenas para o Japão.
Mas, quando falamos em estresse, podemos ter uma ideia muito generalizada sobre o tema.
Por isso, neste texto, nos preocupamos em trazer informações mais detalhadas sobre o assunto.
Verifique os tópicos que discutiremos neste artigo:
No final do artigo, você encontrará um campo onde pode deixar seus comentários, dúvidas e sugestões. Portanto, caso sinta falta de algum esclarecimento específico, fique à vontade para interagir conosco.
O que é estresse?
O estresse pode transformar nosso comportamento de forma indescritível.
Apesar de ser muito confundido, atualmente, com cansaço — o que pode ser resolvido com uma boa noite de sono — os sintomas do estresse são respostas fisiológicas do corpo. Respostas, essas, que foram fundamentais para que nossa espécie tenha sobrevivido.
Isso porque, se nossos antepassados não reagissem rapidamente ao se depararem com um animal feroz, por exemplo, não teriam deixado descendentes. E o estresse é a liberação de componentes químicos, como a adrenalina, que nos mantém atentos ao perigo. Ou seja, ficamos preparados para fugir ou enfrentá-lo.
Porém, o estresse do mundo moderno é diferente daquele que nossos ancestrais enfrentavam. Resulta do acúmulo de responsabilidades e funções no dia a dia — como contas a pagar, cobrança no trabalho, trânsito e filhos. Além disso, o uso excessivo nas mídias sociais, celulares e computadores também colabora para o aumento do estresse.
“A literatura de pesquisa identificou três fatores que levam universalmente ao estresse: incerteza, falta de informação e perda de controle.” — Gabor Maté, médico húngaro-canadense, autor de livros que abordam temas como TDAH, trauma, estresse e vícios.
Ao se deparar com problemas como os listados acima, nosso corpo não libera quantidades suficientes de mediadores químicos — como fazia com nossos antepassados, para estimulá-los a fugirem de uma fera — mas causa discreto e constante desencadear de sintomas de estresse. Dentre esses, podemos mencionar o aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos — circunstâncias que, ao se tornarem muito frenquentes, trazem consequências perigosas para o organismo.
Sintomas de estresse
O estresse é um sentimento natural do organismo. No entanto, quando é frequente e em níveis exacerbados, pode causar reações adversas ao corpo. Por isso, perceba os sinais.
Quando se sentir muito esgotado, irritado, com variações de humor, etc, você poderá notar sintomas como:
- ritmo cardíaco acelerado;
- batimento fora do ritmo;
- respiração acelerada;
- sudorese;
- tremores.
Além disso, sintomas físicos também podem se manifestar em crises de estresse, como:
- intestino solto;
- necessidade frequente de urinar;
- boca seca;
- problemas para engolir;
- dificuldade para dormir;
- queda de cabelo em excesso;
- cansaço demasiado;
- alergias de pele;
- gastrite e úlceras;
- tensão muscular;
- imunidade baixa;
- dores de cabeça;
- mudanças de apetite;
- acne incomum;
- refluxo.
“Quando começamos a nos sentir estressados, criamos histórias mentais de preocupação e arrependimento que aumentam nosso sofrimento mental. Somos apanhados por crenças negativas sobre nós mesmos, arrependimentos sobre o passado ou preocupações com o futuro, tirando-nos do momento presente.” — Melanie Greenberg
Tipos de estresse
A Associação Americana de Psicologia define o estresse em três tipos distintos. São eles:
- estresse agudo;
- estresse agudo episódico;
- estresse crônico.
Abaixo, descrevemos as principais características de cada tipo de estresse, para facilitar seu entendimento.
1. Estresse agudo
Esse tipo de estresse caracteriza-se por uma reação do corpo a um momento ou fator de conflito.
Os sinais do estresse agudo, segundo a Associação Americana de Psicologia, incluem manifestações de ansiedade e sintomas físicos como:
- dor de cabeça tensional;
- ativação psíquica;
- apreensão;
- insegurança;
- aumento de pressão;
- dor nas costas;
- instabilidade de humor;
- dores musculares em geral;
- azia;
- flatulência;
- diarreia;
- palpitações cardíacas;
- mãos suando.
No artigo “Estresse e saúde: determinantes psicológicos, comportamentais e biológicos” (Stress and health: psychological, behavioral, and biological determinants), os pesquisadores Neil Schneiderman, Gail Ironson e Scott D. Siegel comentam:
“As respostas agudas ao estresse em indivíduos jovens e saudáveis podem ser adaptativas e normalmente não representam um fardo para a saúde. No entanto, se a ameaça for persistente, especialmente em indivíduos mais velhos ou doentes, os efeitos de longo prazo dos estressores podem prejudicar a saúde.
A relação entre estressores psicossociais e doença é afetada pela natureza, número e persistência dos estressores, bem como pela vulnerabilidade biológica do indivíduo (isto é, genética, fatores constitucionais), recursos psicossociais e padrões aprendidos de enfrentamento.”*
2. Estresse agudo episódico
O estresse agudo episódico, também definido pela Associação Americana de Psicologia, acontece quando o corpo está exposto a estímulos estressantes com frequência.
Os sintomas são os mesmos do estresse agudo, mas se manifestam de forma prolongada, resultando em problemas como:
- dores de cabeça tensionais persistentes;
- enxaquecas;
- hipertensão;
- dor no peito;
- doenças cardíacas.
3. Estresse crônico
O estresse crônico, por sua vez, é a condição contínua do transtorno. Ou seja, quando o estresse passa a fazer parte da rotina e seus respectivos sintomas não vão embora — o que afeta diversas áreas da vida.
Quem sofre de estresse crônico está no grupo de risco para desenvolver também ansiedade e depressão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina.
Leia também: Como parar de se preocupar: 7 dicas para afastar as preocupações do seu caminho
Os sinais de estresse crônico podem se manifestar por meio de sintomas físicos e emocionais, tais como:
- fadiga;
- desgaste;
- mal-estar;
- cansaço;
- esgotamento;
- aumento da vigilância;
- dificuldade em relaxar e descansar;
- desânimo;
- tristeza;
- sensação de fracasso;
- dificuldade de sentir prazer;
- alteração do sono.
No vídeo abaixo você pode entender melhor os efeitos do estresse crônico. Trata-se de uma animação, disponibilizada pelo TED-Ed (iniciativa de educação do TED), que se propõe a explicar de forma acessível uma série de conhecimentos mais complexos. Confira:
Como o estresse afeta seu cérebro
“O estresse começa com algo chamado eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), uma série de interações entre glândulas endócrinas no cérebro e nos rins, que controla as reações do seu corpo ao estresse.
Quando o cérebro detecta uma situação estressante, seu eixo HPA é ativado imediatamente e libera um hormônio chamado cortisol, que prepara seu corpo para agir.
Mas níveis altos de cortisol por longos períodos fazem uma bagunça no seu cérebro.
Por exemplo, o estresse crônico aumenta o nível de atividade e o número de conexões mentais na amídala, o centro de controle do medo no cérebro. E conforme os níveis de cortisol aumentam, sinais elétricos no seu hipocampo — a parte do cérebro associada com aprendizado, memória e controle de estresse — se deterioram. (…)
O cortisol pode, literalmente, fazer o seu cérebro encolher. Excesso de cortisol resulta na perda de conexões sinápticas entre neurônios e no encolhimento do seu córtex pré-frontal, a parte do seu cérebro que regula comportamentos como concentração, tomada de decisões, julgamento, e interação social. Isso também faz com que menos células novas sejam criadas no hipocampo.
Isso quer dizer que estresse crônico pode dificultar seu aprendizado e prejudicar sua memória e também preparar o terreno para problemas mentais mais graves, como depressão e eventualmente a doença de Alzheimer.”
— Transcrição de trecho do vídeo Como o estresse afeta seu cérebro, disponível no site de TED-Ed. Lição de Madhumita Murgia e animação de Andrew Zimbelman.
Tratamento para o estresse
Quando os níveis de estresse extrapolam o natural, podemos ter, então, momentos conturbados no nosso dia a dia pessoal e profissional. Mas apenas médicos e psicólogos podem indicar o melhor tratamento, seja ele a base de terapia, medicamentos ou alternativas naturais.
O mais importante a se destacar aqui é: caso os sintomas de estresse que citamos acima te preocupem, procure um médico.
Esses sinais podem indicar estresse, mas também podem demonstrar problemas de saúde mais graves, e apenas um profissional pode diagnosticá-los corretamente.
Portanto, agora que você já sabe o que é estresse, quais seus sintomas e como tratá-lo, compartilhe esse conteúdo com um amigo que também precisa saber disso.
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Luana Nodari é Psicóloga e Neuropsicóloga
Atende em sua clínica na Vila Mariana / SP, adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356
* Trechos de artigos científicos publicados em inglês com tradução nossa.
Texto atualizado em 28 de dezembro de 2021.
