
A melhor forma de compreender a importância da empatia é pensar na própria experiência. Mais especificamente, lembrar de momentos nos quais você precisou dela.
Naquela fase difícil de sua vida, quando a sensação de fracasso o atingiu em cheio, como gostaria que as pessoas próximas agissem com você?
Procurava por conselhos sobre relacionamento, ao desabafar com um amigo sobre sua decepção amorosa? Pretendia obter sugestões de onde conseguir um novo emprego, após contar sobre sua demissão? Estava ansioso para receber críticas aos seus hábitos, quando seus exames apontaram um problema de saúde?
Certamente, não eram essas as reações que você desejava obter.
Ao menos, não naquele momento.
Ao falar sobre a dor que sentimos — antes de esperar por qualquer ideia de solução — queremos ser ouvidos.
Sem julgamentos, correções, comparações.
Queremos alguém que nos escute, com atenção genuína, sem pretensões de “consertar” nossos sentimentos.
É precisamente essa a essência da empatia.
Mas, se a empatia não pressupõe a resolução de problemas, como ela pode ser útil? Por que, afinal, é importante?
Vamos entender melhor essa questão, analisando alguns exemplos.
1. Importância da empatia nas relações familiares
“Você me diz que seus pais não entendem. Mas você não entende seus pais” — cantou Renato Russo, na música “Pais e Filhos”.
O que falta nessa equação é empatia.
Não se trata de concordar com outro. Mas fazer um esforço para compreender um ponto de vista diferente.
Por mais unida que seja uma família, cada um de seus integrantes têm vida própria.
Isso implica em opiniões, escolhas e personalidades distintas.
Deseja um bom convívio familiar? Aceite o conflito de ideias.
Apresente seus argumentos, quando não concordar com uma determinada postura — ser empático não é ser condescendente.
Porém, antes de se apressar em demonstrar suas razões, esteja realmente aberto a escutar como seu familiar interpreta aquela situação.
Faça perguntas. Desenvolva sincero interesse em conhecer pensamentos que não correspondem aos seus.
Entender o raciocínio alheio não esvazia o seu. Ignorar ou silenciar percepções discordantes, isso sim, empobrece seu discurso.
Lembre que a verdade, dificilmente, gosta de “donos”. Ela prefere ser plural.
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2. Importância da empatia entre amigos
Um bom amigo não é aquele que corrige nossa direção. Mas, sim, aquele que respeita nosso caminho.
A máxima da empatia é se colocar no lugar do outro. Algumas pessoas entendem errado essa proposta. Imaginam que isso implica em considerar o que fariam se fossem elas a ocupar aquele lugar.
Vamos esclarecer: demonstrar empatia não é se projetar na narrativa que você escuta. Guarde essa habilidade para a entrevista de emprego, quando é convidado a expor uma solução a partir de suas convicções.
Ao ouvir um amigo com problemas, adote a perspectiva que ele te apresenta. Ele é protagonista — não você.
Seja “todo ouvidos”.
Processe as informações e dê a única coisa que ele espera de você nesse momento: sua companhia. Seu apoio.
Acredita que pode contribuir, compartilhando algo que aprendeu com sua experiência pessoal? Aguarde a hora oportuna de fazer essa intervenção. E jamais faça isso em tom professoral.
O que você viveu e o que fez para superar seus sofrimentos espelham sua individualidade.
É generoso revelar onde encontrou força para seguir em frente. É possível que sua luta sirva de inspiração.
Apenas tenha em mente que vidas não se repetem.
Suas ações não são modelos. Na melhor das hipóteses, são metáforas. Como ocorre com filmes e livros, cujas histórias não nos pertencem, mas nos fazem refletir.
“Empatia não é apenas lembrar de dizer que deve ser realmente difícil — é descobrir como trazer a dificuldade para a luz para que ela possa ser vista. Empatia não é apenas ouvir, é fazer perguntas cujas respostas precisam ser ouvidas. A empatia requer investigação tanto quanto imaginação. Empatia requer saber que você não sabe nada. Empatia significa reconhecer um horizonte de contexto que se estende perpetuamente além do que você pode ver.” — Leslie Jamison
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3. Importância da empatia no trabalho
Independentemente de área de atuação, a empatia sempre será um diferencial em sua performance.
Mais do que isso: sua capacidade de empatizar define, significativamente, a excelência de seus serviços.
Afinal, você pode ter muito conhecimento técnico, colecionar diplomas e dispor de recursos invejáveis. Mas nada disso garante que seu produto ou serviço esteja de acordo com as expectativas de seu consumidor.
Você não obtém sucesso só porque sua produção é impecável. Você conquista o mercado quando estabelece elos entre o que é capaz de fazer e o que as pessoas desejam receber.
Em outras palavras, para ser um bom profissional, você precisa “ler” a mente de seu público consumidor. Deve decifrar suas vontades, necessidades, gostos, fantasias. E desenvolver seu trabalho, privilegiando a conexão com essas informações.
4. Importância da empatia na comunicação

A comunicação empática dá prioridade ao receptor da mensagem. Ou seja, adequa explicações, vocabulário e tom de voz, de forma a favorecer o entendimento.
Quando você conversa com uma criança, por exemplo. Se espera que ela compreenda suas orientações, sabe que precisa usar referências que façam sentido para ela.
Em discussões, a empatia é um recurso transformador. Quando você se propõe a compreender como o pensamento do outro se desenvolve, consegue identificar os “ruídos” na comunicação.
Faça questionamentos, ao invés de afirmações.
Busque a lógica na versão da história que difere da sua.
Essa postura não irá anular seu ponto de vista. Mas dará espaço a uma conciliação inteligente.
Como saber se está praticando a empatia do jeito certo? Você notará que a outra pessoa se acalma, reduz o ataque e busca sintonia.
A tendência é que, ao oferecer empatia, você a receba de volta. Ou seja, todos só tem a ganhar.
5. Importância da empatia para sobrevivência
Numa perspectiva mais ampla, podemos defender a importância da empatia pensando em sua funcionalidade mais básica: auxiliar na luta pela sobrevivência da espécie humana.
Em artigo intitulado A Ciência da Empatia (no original, The Science of Empathy), a Dra. Helen Riess — professora de Psiquiatria na Harvard Medical School e diretora do grupo de Pesquisa de Empatia e Treinamento em Psicoterapia, do departamento de Psiquiatria do Massachusetts General Hospital — explica:
“Se a existência humana fosse simplesmente o resultado da ‘sobrevivência do mais apto’, estaríamos programados apenas para dominar os outros, não para responder ao seu sofrimento. Nossa capacidade de perceber e ressoar com o sofrimento dos outros nos permite sentir e compreender sua dor. A angústia pessoal experimentada ao observar a dor dos outros muitas vezes nos motiva a responder com compaixão. A sobrevivência de nossa espécie depende de ajuda mútua, e fornecê-la reduz nossa própria angústia. A ajuda mútua existe nos primeiros relatos de comportamento tribal e continua sendo uma força poderosa no mundo de hoje, onde milhares de organizações e milhões de pessoas trabalham para aliviar o sofrimento global.”*
Dicas de livros sobre empatia que vão te ajudar a praticá-la no dia a dia
Como você pode observar, a empatia é uma habilidade que traz inúmeros benefícios — a diferentes aspectos de sua vida.
Seja no âmbito profissional, social ou em seus relacionamentos íntimos, a prática da empatia resulta em efeitos notórios.
Portanto, claro, queremos te encorajar a exercitá-la!
Abaixo, listamos alguns livros que serão bastante úteis nesse aprendizado e autodesenvolvimento.
Acrescentamos um trecho da sinopse de cada obra, para que você tenha melhor ideia do conteúdo abordado nos títulos que sugerimos.
Confira nossa dicas, faça suas pesquisas e deixe também suas indicações nos comentários!

O poder da empatia: a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo
De Roman Krznaric. O livro faz parte do catálogo da Editora Zahar.
“A empatia tem o poder de curar relacionamentos desfeitos, derrubar preconceitos, nos fazer pensar em nossas ambições e até mesmo mudar o mundo. Nesse livro, o filósofo e historiador da cultura Roman Krznaric sustenta que, ao contrário do que pensamos, não somos eminentemente autocentrados, pois nosso cérebro é equipado para a conexão social.
Baseado em mais de doze anos de pesquisas em diversos campos do saber, ele nos leva a uma jornada através dos séculos para mostrar por que devemos desenvolver a empatia, ensinando ao mesmo tempo como é simples praticá-la.
O autor expõe os seis hábitos das pessoas extremamente empáticas, cujas habilidades lhes permitem conectar-se com outras de maneira extraordinária e, assim, fazer a diferença e transformar as relações. Quer sejam médicos, cientistas, banqueiros, policiais, moradores de rua ou abastados fazendeiros, todos têm uma história para contar. Ao longo do caminho, Krznaric relembra também a trajetória de personagens de destaque da história (como Gandhi) e exemplos marcantes de “empatistas” reais e fictícios no cinema e na literatura.”
— Sinopse disponível no site da Editora Zahar.
Empatia, Coleção Inteligência Emocional
Texto produzido pela Harvard Business Review. Publicado pela Editora Sextante.
“A empatia é um fator crucial para melhorar os relacionamentos e até mesmo aprimorar o desenvolvimento de produtos.
Embora seja fácil dizer “basta se colocar no lugar do outro”, entender as motivações e emoções das outras pessoas é um grande desafio.
Este livro ampliará sua compreensão da empatia e ajudará você a se tornar mais sensível às necessidades dos outros, abordando temas como:
– O que o Dalai Lama ensinou a Daniel Goleman sobre inteligência emocional.
– Por que a compaixão é uma tática gerencial melhor do que a agressividade.
– O que os bons ouvintes realmente fazem.”
— Sinopse disponível no site da Sextante.
Empatia assertiva: como ser um líder incisivo sem perder a humanidade
Por Kim Scott. Editora Alta Books.
Confira, abaixo, a sinopse da obra, de acordo com o texto divulgado no site da editora:
“Este livro é um guia para os líderes desnorteados ou exaustos pelo trabalho de gestão e foi escrito tanto para chefes como para ‘chefes de chefes’.
Baseado em anos de experiência da autora e escrito com clareza, incluindo sugestões práticas para os leitores, mostra aos gestores como ter sucesso sem perder o lado humano no ambiente corporativo, encontrando um sentido no trabalho e criando um ambiente onde as pessoas vão poder apreciar o que fazem e os colegas.
Kim Scott é ex-executiva do Google e da Apple, onde trabalhou com uma equipe para criar um curso voltado a ensinar como ser um bom chefe, e, nos últimos anos, ficou famosa por sua nova abordagem à eficiência na chefia, que ela chama de empatia assertiva.”
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Luana Nodari
Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356
* Artigo publicado no Journal of Patient Experience (trecho com tradução nossa).
Artigo atualizado em 11 de janeiro de 2022.