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Setembro Amarelo: o que você precisa saber sobre prevenção do suicídio

O objetivo do Setembro Amarelo é romper o silêncio sobre o suicídio e quebrar tabus sobre doenças mentais. Saiba como você pode contribuir.

Campanha Setembro Amarelo, mês especialmente dedicado a prevenção do suicídio.
Setembro amarelo: é tempo de falar sobre o suicídio.

O movimento Setembro Amarelo acontece no Brasil desde 2015.

Seu objetivo?

Chamar a atenção para um problema de proporções gigantescas: o suicídio.

Como o assunto é um grande tabu, é comum que não tenhamos noção de sua expressividade.

Mas, para você ter uma ideia, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), são mais de 800.000 vidas perdidas — por ano — em função desse trágico ato.

Os números são ainda mais impressionantes quando consideramos estimativas do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).

De acordo com o CDC, há um óbito para cada 25 tentativas de suicídio.

Ou seja, o cenário, que já é terrível, poderia ser significativamente pior.

Por que as pessoas cometem suicídio

Não há uma resposta simples para essa questão, evidentemente.

Geralmente, há uma combinação de fatores que levam alguém à decisão de tirar a própria vida. 

Dentre esses, os mais comuns são:

  • depressão;
  • esquizofrenia;
  • transtorno bipolar;
  • transtorno borderline;
  • experiências traumáticas;
  • abuso de álcool e drogas;
  • bullying
  • problemas financeiros;
  • desemprego;
  • fim de relacionamento;
  • dores crônicas;
  • doença sem cura;
  • histórico familiar de suicídio ou transtornos mentais.

Prevenção do suicídio: fique atento aos sinais de alerta

Os indícios de que alguém está pensando em tirar a própria vida nem sempre são óbvios. Mas existem algumas manifestações comuns, na fala e no comportamento, que você pode observar. 

Por exemplo:

  • A pessoa fala que deseja morrer.
  • Diz que se sente um fardo.
  • Afirma não ter motivos para viver.
  • Manifesta profundos sentimentos de culpa ou vergonha.
  • Se isola e corta comunicação com amigos e familiares.
  • Pesquisa na internet sobre suicídio.
  • Fica desleixada com sua aparência, higiene pessoal e cuidados básicos com a saúde.
  • Se mostra mais agressiva.
  • Aumenta o consumo de álcool e outras substâncias prejudiciais.
  • Perde o interesse em atividades que apreciava.
  • Se desfaz de objetos caros ou de valor íntimo.

A conscientização sobre os sinais de alerta do comportamento suicida é fundamental para falarmos em estratégias de prevenção.

Se estivermos mais capacitados a enxergar os avisos, poderemos oferecer apoio e ajudar a pessoa a encontrar o atendimento psicológico profissional de que precisa.

Campanha Setembro Amarelo

A campanha Setembro Amarelo visa romper o silêncio sobre o suicídio, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos.

Exatamente. As mortes ocasionadas por suicídio nessa faixa etária só ficam atrás das estatísticas relacionadas a acidentes de trânsito.

Porém, mais do que alertar para essa assustadora realidade, o Setembro Amarelo pretende nos deixar conscientes de um fato importante:

Mais de 90% dos casos de suicídio podem ser evitados.

Como?

Com um diálogo aberto sobre saúde mental.

Isso fica claro quando entendemos que a depressão é a grande responsável por tantas perdas e a prevenção ao suicídio é a chave.

Na imensa maioria dos casos, as pessoas que veem a morte como única saída para acabar com a dor estão sofrendo com a condição.

Porém, sabemos que o transtorno de depressão — assim como outros tantos transtornos mentais — tem tratamento.

O problema é que nossa cultura ainda vê as doenças mentais com muitos preconceitos.

Por não serem visíveis, como uma fratura nos ossos, infelizmente, é comum que sejam rotuladas como “bobagens”. Dramas. Coisas que só existem na cabeça de quem está atormentado.

É verdade. O problema está na “cabeça”. Ou, melhor dizendo, no funcionamento do cérebro.

Ora, e desde quando o cérebro é menos importante que outras partes do corpo?

Desde quando podemos viver bem se o principal órgão de nosso sistema nervoso (do qual dependem nossas ações voluntárias e involuntárias) está em desequilíbrio?

Então, chegamos aqui ao primeiro aprendizado que o Setembro Amarelo nos traz:

Enquanto tratarmos problemas de saúde mental como “frescura”, continuaremos lidando com altas taxas de suicídio.

O que você pode fazer para mudar esse quadro?

Para começar, prometa a si mesmo cuidar de sua saúde mental.

Já reparou que as campanhas de prevenção sempre começam com o autocuidado?

Então, no que diz respeito ao Setembro Amarelo, a regra também se aplica!

Ansiedade, tristeza, cansaço, irritabilidade… Todos esses sentimentos incômodos são normais. É óbvio que, vez ou outra, vamos experimentá-los.

Mas há um limite para essa normalidade.

Quando as emoções negativas se tornam tão comuns que parecem definir boa parte do dia a dia, há um sinal de alerta.

Isso vale para você, da mesma forma que vale para toda a humanidade. Independente de idade, condição financeira, profissão, gênero…

Portanto, se existe algum mal-estar o perturbando, não seja negligente.

Leia também: 39 frases sobre saúde mental que vão abrir sua mente

Como lidar com pensamentos suicidas

Se você percebe a recorrência de pensamentos suicidas, é importante que você consiga expressá-los.

A comunicação pode ser difícil. Portanto, pontuamos algumas recomendações que devem lhe ajudar:

  • O primeiro passo é buscar uma pessoa com quem se sinta confortável para falar abertamente.
  • Entenda que a pessoa pode se sentir assustada com suas declarações. Mas isso acontece porque ela se preocupa com você e não quer perdê-lo!
  • Se você não se sente seguro para conversar com alguém próximo, procure um psicólogo. O profissional lhe ouvirá sem fazer julgamentos.
  • Tente dizer à pessoa exatamente o que diz a si mesmo. Dê voz aos seus pensamentos, tais como eles lhe ocorrem.
  • Procure identificar e contar à pessoa quais foram (ou são) as situações que o fazem pensar em suicídio.
  • Se for muito difícil falar, escreva o que sente e pensa. Entregue o bilhete à pessoa em quem confia e, se possível, sente-se ao lado dela enquanto ela lê suas palavras.

Terapeutas, amigos ou entes queridos podem ajudá-lo a ver soluções que você não está considerando. 

Dê a eles uma chance de ajudar.

Por que buscar ajuda de um profissional

atendimento profissional em casos de suspeita de comportamento suicida
Dores psicológicas são tão reais quanto dores físicas. Não negligencie a necessidade de falar com um profissional de saúde sobre seus incômodos.

Assim como você não está disposto a conviver com uma dor de dente, não deve se conformar com uma dor psicológica.

Há tratamento para os dois casos!

Leia também: Como a psicologia positiva e a terapia cognitivo comportamental podem trabalhar juntas para o bem-estar das pessoas

Sim, conversar com um amigo ou familiar também pode ser útil.

Mas lembre-se que, se a pessoa não for um terapeuta ou psiquiatra, ela tem limites quanto ao que pode fazer por você.

É essencial que você tenha isso em mente também nos casos em que você é a pessoa escolhida para ouvir desabafos.

Ou seja, se alguém confia em você para falar sobre pensamentos suicidas, não tente resolver a situação sozinho.

Seu papel é ouvir sem fazer julgamentos e críticas.

Sua função é permitir que a própria pessoa se escute e se sinta compreendida.

Mostre que você se preocupa e entende que a dor é real, é legítima.

Acredite, esse ato de empatia faz imensa diferença!

Mas é apenas o início do percurso.

Se você quer ajudar nos próximos passos, ofereça apoio e companhia na busca pelo profissional de saúde habilitado.

Esse incentivo será o melhor — e mais respeitoso — conselho que você poderá oferecer.

Leia também: Como a Terapia Cognitivo Comportamental pode ajudar no tratamento da depressão

Setembro Amarelo: ajude a prevenir o suicídio

O que fazer:

  • Conscientize-se sobre os sinais de alerta.
  • Leve a sério os comentários sobre suicídio.
  • Deixe a pessoa saber que você está preocupado.
  • Seja um bom ouvinte e permita que a pessoa fale abertamente sobre seus sentimentos.
  • Incentive a busca de ajuda profissional.

O que não fazer:

  • Fugir do assunto (falar sobre suicídio não levará a pessoa ao ato).
  • Julgar ou invalidar as percepções que a pessoa expressa.
  • Tentar lidar sozinho com a situação, ignorando a necessidade de tratamento psicológico. 
  • Aceitar guardar segredo sobre as intenções suicidas.

Lembre-se que nem sempre os sinais de alerta referentes ao suicídio são claros.

E, neste período de quarentena — que nos deixa distantes de pessoas que amamos — pode ser ainda mais difícil conhecer a saúde mental de nossos entes queridos.

Portanto, aqui vai mais uma dica para que você faça sua parte no combate ao suicídio: expresse seu afeto!

Comunique-se com seus amigos e familiares. 

Diga o quanto é grato por tê-los em sua vida.

E incentive outras pessoas a fazerem o mesmo.

Demonstrações de carinho e amor não custam nada, mas surtem efeitos extraordinários.

Você quer dar força ao movimento Setembro Amarelo e à prevenção ao suicídio?

Setembro Amarelo: mês especial de prevenção ao suicídio
Setembro Amarelo: Participe dessa campanha!

Então compartilhe informações confiáveis sobre a campanha em suas redes sociais.

Divulgue bons artigos e vídeos sobre saúde mental em seus grupos de WhatsApp.

Permita que tais assuntos façam parte de suas conversas cotidianas.

Não se preocupe: ao contrário do que muitos acreditam, falar sobre suicídio não estimula uma pessoa ao ato.

O que verdadeiramente leva tantas pessoas a tirarem a própria vida é o silêncio.

É a solidão e incompreensão quanto às batalhas internas que enfrentam.

Por último, nunca é demais enfatizar: a campanha Setembro Amarelo dura um mês.

Mas o que ela representa, não está restrito a uma data.

Conscientização e prevenção do suicídio são pautas que não podem adormecer.

Portanto, seja em setembro ou qualquer época do ano, esteja presente.

Não basta dizer “você não está sozinho”.

É preciso mostrar essa verdade com atos.

Então, assuma o compromisso de cuidar das vidas com as quais se importa.

A começar com a sua própria.

psicóloga Vila Mariana Luana Nodari

Luana Nodari

Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356


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Sobre a Luana

Luana Nodari é Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Compotrtamental (TCC) pela PUC e especialista em Neuropsicologia pelo IPqHC da USP. 
Possui outras formações em áreas da Psicologia e Neuropsicologia em universidades nacionais e internacionais. 

Atualmente, faz atendimentos particulares em sua clínica no bairro da Vila Mariana em São Paulo/SP, nas modalidades presencial e online | CRP 06/112356.