O movimento Setembro Amarelo acontece no Brasil desde 2015.
Seu objetivo?
Chamar a atenção para um problema de proporções gigantescas: o suicídio.
Como o assunto é um grande tabu, é comum que não tenhamos noção de sua expressividade.
Mas, para você ter uma ideia, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), são mais de 800.000 vidas perdidas — por ano — em função desse trágico ato.
Os números são ainda mais impressionantes quando consideramos estimativas do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).
De acordo com o CDC, há um óbito para cada 25 tentativas de suicídio.
Ou seja, o cenário, que já é terrível, poderia ser significativamente pior.
A campanha Setembro Amarelo visa romper o silêncio sobre o suicídio, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos.
Exatamente. As mortes ocasionadas por suicídio nessa faixa etária só ficam atrás das estatísticas relacionadas a acidentes de trânsito.
Porém, mais do que alertar para essa assustadora realidade, o Setembro Amarelo pretende nos deixar conscientes de um fato importante:
Mais de 90% dos casos de suicídio podem ser evitados.
Como?
Com um diálogo aberto sobre saúde mental.
Isso fica claro quando entendemos que a depressão é a grande responsável por tantas perdas e a prevenção ao suicídio é a chave.
Na imensa maioria dos casos, as pessoas que veem a morte como única saída para acabar com a dor estão sofrendo com a condição.
Porém, sabemos que o transtorno de depressão — assim como outros tantos transtornos mentais — tem tratamento.
O problema é que nossa cultura ainda vê as doenças mentais com muitos preconceitos.
Por não serem visíveis, como uma fratura nos ossos, infelizmente, é comum que sejam rotuladas como “bobagens”. Dramas. Coisas que só existem na cabeça de quem está atormentado.
É verdade. O problema está na “cabeça”. Ou, melhor dizendo, no funcionamento do cérebro.
Ora, e desde quando o cérebro é menos importante que outras partes do corpo?
Desde quando podemos viver bem se o principal órgão de nosso sistema nervoso (do qual dependem nossas ações voluntárias e involuntárias) está em desequilíbrio?
Então, chegamos aqui ao primeiro aprendizado que o Setembro Amarelo nos traz:
Enquanto tratarmos problemas de saúde mental como “frescura”, continuaremos lidando com altas taxas de suicídio.
O que você pode fazer para mudar esse quadro?
Para começar, prometa a si mesmo cuidar de sua saúde mental.
Já reparou que as campanhas de prevenção sempre começam com o autocuidado?
Então, no que diz respeito ao Setembro Amarelo, a regra também se aplica!
Ansiedade, tristeza, cansaço, irritabilidade… Todos esses sentimentos incômodos são normais. É óbvio que, vez ou outra, vamos experimentá-los.
Mas há um limite para essa normalidade.
Quando as emoções negativas se tornam tão comuns que parecem definir boa parte do dia a dia, há um sinal de alerta.
Isso vale para você, da mesma forma que vale para toda a humanidade. Independente de idade, condição financeira, profissão, gênero…
Portanto, se existe algum mal-estar o perturbando, não seja negligente.
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Procure ajuda de um profissional.
Assim como você não está disposto a conviver com uma dor de dente, não deve se conformar com uma dor psicológica.
Há tratamento para os dois casos!
Leia também: Como a psicologia positiva e a terapia cognitivo comportamental podem trabalhar juntas para o bem-estar das pessoas
Conversar com um amigo ou familiar também pode ser útil.
Mas lembre-se que, se a pessoa não for um terapeuta ou psiquiatra, ela tem limites quanto ao que pode fazer por você.
É essencial que você tenha isso em mente também nos casos em que você é a pessoa escolhida para ouvir desabafos.
Ou seja, se alguém confia em você para falar sobre pensamentos suicidas, não tente resolver a situação sozinho.
Seu papel é ouvir sem fazer julgamentos e críticas.
Sua função é permitir que a própria pessoa se escute e se sinta compreendida.
Mostre que você se preocupa e entende que a dor é real, é legítima.
Acredite, esse ato de empatia faz imensa diferença!
Mas é apenas o início do percurso.
Se você quer ajudar nos próximos passos, ofereça apoio e companhia na busca pelo profissional de saúde habilitado.
Esse incentivo será o melhor — e mais respeitoso — conselho que você poderá oferecer.
Leia também: Como a Terapia Cognitivo Comportamental pode ajudar no tratamento da depressão
Você quer dar força ao movimento Setembro Amarelo e à prevenção ao suicídio?
Então compartilhe informações confiáveis sobre a campanha em suas redes sociais.
Divulgue bons artigos e vídeos sobre saúde mental em seus grupos de WhatsApp.
Permita que tais assuntos façam parte de suas conversas cotidianas.
Não se preocupe: ao contrário do que muitos acreditam, falar sobre suicídio não estimula uma pessoa ao ato.
O que verdadeiramente leva tantas pessoas a tirarem a própria vida é o silêncio.
É a solidão e incompreensão quanto às batalhas internas que enfrentam.
Por último, nunca é demais enfatizar: a campanha Setembro Amarelo dura um mês.
Mas o que ela representa, não está restrito a uma data.
Conscientização e prevenção do suicídio são pautas que não podem adormecer.
Portanto, seja em setembro ou qualquer época do ano, esteja presente.
Não basta dizer “você não está sozinho”.
É preciso mostrar essa verdade com atos.
Então, assuma o compromisso de cuidar das vidas com as quais se importa.
A começar com a sua própria.
Luana Nodari é Psicóloga e Neuropsicóloga
Atende em sua clínica na Vila Mariana / SP, adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356