Blog

Transtorno de personalidade borderline: suas perguntas respondidas

Transtorno de personalidade borderline tem cura? Quais são os sintomas da condição? Uma pessoa com o distúrbio pode levar uma vida normal? Confira respostas a essas e outras perguntas neste texto.

sintomas de transtorno de personalidade borderline
Os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline, às vezes, podem passar despercebidos

O transtorno de personalidade borderline (TPB) — também conhecido como transtorno de personalidade limítrofe (TPL) ou síndrome de borderline — é uma condição psicológica complexa.

Logo, é comum que suscite dúvidas e questinamentos.

Desta forma, propomos esclarecimentos e informações úteis para todos que desejam entender um pouco melhor o distúrbio.

Porém, se a resposta que você procura não constar neste texto, fique à vontade para escrevê-la no campo dos comentários.

Sua contribuição será muito bem-vinda e nos ajudará a aprimorar este conteúdo.


Questões sobre borderline que respondemos neste texto:

1. Quais os principais sintomas do transtorno de personalidade borderline?

2. Quais são as causas do transtorno de personalidade borderline?

3. O transtorno de personalidade borderline tem cura?

4. Existem filmes sobre o transtorno de personalidade borderline?

5. Apenas adultos podem ser diagnosticados com transtorno borderline?

6. Pessoas com transtorno de personalidade borderline podem ter uma vida normal?

7. Quais são as possíveis complicações do transtorno borderline?

8. Quais as estatísticas sobre borderline?

9. Como lidar com borderline?


1. Sintomas do transtorno de personalidade borderline

Os principais sintomas do transtorno de personalidade borderline incluem:

  • profundo medo de abandono e rejeição;
  • histórico de relacionamentos intensos, mas instáveis;
  • dificuldade de sentir empatia pelos outros;
  • sentimentos crônicos de vazio, tédio e solidão;
  • grandes mudanças de humor, que duram de algumas horas a alguns dias;
  • comportamentos autodestrutivos e impulsivos;
  • reações emocionais extremas ou inadequadas;
  • dificuldade de controlar a raiva;
  • autoimagem distorcida;
  • senso de identidade instável;
  • autocrítica severa;
  • paranoia;
  • práticas de automutilação;
  • pensamentos suicidas.

Como você pode ver, instabilidade, intensidade e impulsividade são 3 características fortemente atreladas ao transtorno borderline.

Suas manifestações não são idênticas para todas as pessoas.

E, às vezes, podem passar despercebidas — pois, nem sempre, as emoções e pensamentos são exteriorizados.

No entanto, mesmo que os sintomas sejam “silenciosos”, é fundamental buscar ajuda para gerenciá-los.

Sem tratamento, com o tempo, eles tendem a piorar.

E podem, inclusive, aumentar os riscos de outros transtornos mentais, tais como depressão, distúrbios alimentares e fobia social.

2. Causas do transtorno borderline

Sintomas de alguns distúrbios mentais nem sempre estão aparentes
Existem fatores que podem implicar no desenvolvimento do transtorno borderline.

As causas do transtorno de personalidade borderline não são claras.

No que diz respeito aos distúrbios de saúde mental, geralmente há essa lacuna no conhecimento.

O que existem são hipóteses, verificadas continuamente em pesquisas.

Com base nesses estudos, portanto, podemos relacionar 7 fatores que, possivelmente, contribuem para o desenvolvimento do transtorno:

  • traumas de infância;
  • negligência dos pais;
  • ter convivido — especialmente na infância ou adolescência — com familiar que apresentava comportamento impulsivo ou transtornos mentais graves, como bipolaridade;
  • ser vítima de abuso físico, emocional ou sexual;
  • ter vivenciado eventos que ocasionaram profundo estresse;
  • predisposição genética;
  • anormalidades cerebrais congênitas.

3. Cura para borderline

Infelizmente, os distúrbios de saúde mental, tais como a síndrome de borderline, são condições muito complexas e a “cura” ainda não está disponível.

Ou seja, não existe um tratamento que, uma vez realizado, garanta que todos os sintomas irão desaparecer — e não mais retornar.

Por outro lado, hoje sabemos que uma pessoa com personalidade borderline consegue obter expressiva melhora — e remissão dos sintomas — realizando um tratamento contínuo.

A psicoterapia — em especial a terapia comportamental dialética (TCD) — é a principal recomendação médica.

Também é comum que o tratamento inclua psicofármacos, tais como:

  • inibidores seletivos da recaptação da serotonina;
  • estabilizadores de humor;
  • antipsicóticos.

4. Filmes sobre o transtorno de personalidade borderline

Obras de ficção podem oferecer indícios que nos ajudam a entender o distúrbio borderline.

Lógico, é sempre bom lembrar que nenhum personagem de filme ou série irá retratar o problema com exatidão.

Mas são recursos válidos para trazermos o assunto para discussão.

10 filmes que mostram personagens com sintomas do transtorno de personalidade borderline:

  • Atração Fatal (1987);
  • Gia — Fama e destruição (1998);
  • Garota interrompida (1999);
  • Geração Prozac (2001);
  • Aos Treze (2003);
  • Borderline — Além dos Limites (2008);
  • Sete Dias com Marilyn (2011);
  • Bem-Vindos ao Meu Mundo (2014);
  • Allure (2017);
  • Eu Sinto Muito (2019).

5. Diagnóstico de borderline

É possível diagnosticar um adolescente com transtornos de personalidade
O diagnóstico para jovens e adolescentes precisa da avaliação de um profissional

O diagnóstico de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes gera controvérsias.

Isso porque existe o argumento de que a personalidade está em formação.

E, no caso do borderline, alguns comportamentos típicos de adolescentes podem ser confundidos com sintomas do distúrbio.

Contudo, é possível que a síndrome tenha início na infância ou adolescência.

E, tal como ocorre com outros transtornos mentais, o tratamento precoce irá inibir o avanço dos sintomas para estágios mais graves.

O que fazer se houver suspeita de que uma pessoa muito jovem está apresentando traços do transtorno de personalidade borderline?

A orientação é buscar um terapeuta com experiência nesse tipo de distúrbio.

Vale ressaltar que o diagnóstico é realizado por meio de análise minuciosa, pautado pelos padrões estabelecidos no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

6. Borderline e qualidade de vida

Cada um de nós enfrenta desafios diários — independente de ter ou não uma condição psicológica que necessita de cuidados específicos.

Pessoas com síndrome borderline não são diferentes nesse quesito.

Enfrentam suas batalhas e, conforme compreendem seus sintomas e a necessidade de compromisso com tratamento, certamente podem levar uma vida normal.

Ou seja, podem trabalhar, se relacionar, se divertir, constituir família…

Apenas não podemos confundir o conceito de “vida normal” com “vida perfeita” — coisa que ninguém tem.

Contar com apoio de amigos, familiares e terapeuta faz imensa diferença.

Assim como investir no autocuidado. Coisas simples — como fazer exercícios físicos, manter uma dieta nutritiva, ter uma boa higiene do sono e praticar um hobby — são estratégias excelentes para reduzir os altos e baixos emocionais que o distúrbio borderline pode causar.

7. Complicações do transtorno borderline

Possíveis complicações do transtorno de personalidade borderline incluem:

  • abuso de drogas e álcool;
  • dificuldade de concluir os estudos;
  • instabilidade profissional;
  • relacionamentos com muitos conflitos;
  • envolvimento em comportamentos de risco (incluindo direção perigosa);
  • hospitalizações frequentes devido a lesões autoprovocadas;
  • menor probabilidade de fazer escolhas de estilo de vida saudáveis;
  • tentativas de suicídio.

Além disso, pessoas com transtorno borderline que recusam tratamento correm grande risco de desenvolver outros problemas de saúde.

Dentre esses, podemos citar:

  • transtorno de personalidade antissocial;
  • depressão;
  • transtorno de ansiedade;
  • transtorno bipolar;
  • distúrbios alimentares;
  • transtorno de estresse pós-traumático;
  • transtorno de déficit de atenção e hiperatividade;
  • ideação suicida.

8. Fatos e estatísticas sobre borderline

transtorno borderline tem cura
A psicoterapia — em especial a terapia comportamental dialética (TCD) — é a principal recomendação para pacientes com transtorno borderline.
  • Estima-se que 2% da população sofra com o transtorno de personalidade borderline.

  • Cerca de 75% das pessoas diagnosticadas com borderline são mulheres.

  • Estudos recentes indicam que homens são igualmente afetados pelo distúrbio, mas são erroneamente diagnosticados com outros problemas — bipolaridade ou transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo.

  • Até 75% das pessoas com borderline apresentam comportamentos autodestrutivos (como automutilação), dependência química, distúrbios alimentares e tentativas de suicídio.

9. Borderline: dicas de autocuidado para quem sofre com o transtorno

  1. Psicoeducação: pesquisar e ler sobre a condição te ajudará a entender o diagnóstico e afugentar mitos prejudiciais.
  2. Mindfulness: técnicas de atenção plena mantém o pensamento no presente e ajudam a fortalecer a conexão com a realidade, evitando a perda do controle sobre as emoções.
  3. Estratégias de relaxamento: exercícios físicos, técnicas de respiração, meditação… Faça testes e encontre o que funciona para você. Gerenciar o estresse, diariamente, reduz os altos e baixos da condição.

A dica número 1 é a mais importante.

Afinal, a partir da psicoeducação você encontra respostas e, principalmente, entende que não está sozinho — há ajuda para enfrentamento de suas dificuldades.

Nesse sentido, também pode ser útil participar de grupos de apoio e buscar relatos de outras pessoas que aprenderam a lidar com o diagnóstico.

Porém, tenha em mente que nenhum recurso de autoajuda substitui a necessidade de terapia e, possivelmente, uso de medicamentos.

psicóloga Vila Mariana Luana Nodari

Luana Nodari

Psicóloga na Vila Mariana
Atende adolescentes e adultos,
através da Terapia Cognitivo-Comportamental
CRP: 06/112356


Gostou do conteúdo? Compartilhe!

Post mais recentes

Deixe um comentário

+ nas redes sociais
Temas por categorias

Sobre a Luana

Luana Nodari é Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Compotrtamental (TCC) pela PUC e especialista em Neuropsicologia pelo IPqHC da USP. 
Possui outras formações em áreas da Psicologia e Neuropsicologia em universidades nacionais e internacionais. 

Atualmente, faz atendimentos particulares em sua clínica no bairro da Vila Mariana em São Paulo/SP, nas modalidades presencial e online | CRP 06/112356.